segunda-feira, 21 de julho de 2014

DISTRITO 9



 Por Diego Betioli

 Falar sobre a existência e a possível chegada de alienígenas ao nosso planeta muitas vezes remete ao comportamento humano. E é justamente com a chegada de extraterrestres ao planeta Terra como plano de fundo que Distrito 9 aborda, na verdade, as diversas facetas da existência humana.
  Na trama do longa dirigido por Neil Blomkamp e produzido por Peter Jackson, em 1982 uma gigantesca nave pousou sobre os céus de Johanesburgo, na África do Sul, sem explicação aparente. Os tripulantes da nave, uma raça de alienígenas que passa a ser apelidada de “camarões”, são resgatados em condições de subnutrição e acabam sendo abrigados pelos humanos. Para tal, é criado o Distrito 9 – um gueto militar no qual os aliens são segregados e tratados em condições desfavoráveis.



  Passados 20 anos, a existência dos “camarões” gera não só um ambiente de hostilidade na própria Johanesburgo – os alienígenas se procriaram , cresceram em número e desenvolveram rotinas humanas no Distrito 9 – mas também de grupos ligados aos direitos humanos no mundo todo. Diante da tensão, o Governo sul-africano contrata a MNU, uma empresa militar privada, pra realocar os aliens em um local ainda menor – o Distrito 10. Para comandar a missão de despejo e realocação, é designado Wikus van der Merwe (Sharlto Copley), um sujeito arrogante que possui profundo ódio pela raça de alienígenas, e também genro do cabeça da MNU. A missão tem, na verdade, um plano de fundo muito mais ambicioso do que a simples remoção e segregação dos aliens: a aquisição de todo o arsenal e tecnologia que carregam, o que, nãos mãos certas, poderia gerar muito dinheiro.
  É justamente em meio à esta missão que Wikus assume o papel de protagonista – uma função que até então não era evidenciada no filme. Evitando spoilar muito, pode-se dizer que, devido a um incidente durante a ordem de despejo, Wikus acaba sofrendo uma intervenção que o colocará do outro lado do jogo, ou seja, do lado dos camarões. O personagem passa por uma crise de aceitação e, de caçador, torna-se caça – enfrentando na pele todo o preconceito e ódio que despejava sobre os extraterrestres. Sua única salvação estará nas mãos do alien Christopher – personagem chave na evolução do roteiro e na transformação vivida pelo personagem de Sharlto Copley - e seu pequeno e inteligente filho.



 
  Os aliens são metáfora para a abordagem de diversas crises sociais, como o tratamento dado a imigrantes, a corrida armamentista, o tráfico de influência e o aproveitamento do bem alheio. A existência do tráfico de armas, promovido por nigerianos dentro do Distrito 9, mostra como o comportamento do homem seria exatamente igual ao que é hoje mediante uma invasão alienígena. A raça humana não se uniria em prol de um bem maior. Muito pelo contrário, os problemas sociais existentes seriam ainda mais agravados.
  O grande diferencial de Distrito 9 é ser um filme de ficção científica alienígena que volta seus olhos para dentro, ou seja, não para o espaço, mas para o nosso planeta e para nossa espécie.

Muito bom!

2 comentários:

  1. O longa tem um roteiro inteligente e uma hora final sensacional, recheada de ótimas cenas de ação e violência.

    É um filmaço que ainda deixou um gancho para uma sequência, que pelo tempo que passou acredito que dificilmente acontecerá.

    abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Infelizmente. Mas talvez, dessa forma, tenha se imortalizado.
      A reta final é mesmo sensacional, você fica vidrado. rs

      abraço!

      Excluir