terça-feira, 29 de setembro de 2015

UMA GARRAFA NO MAR DE GAZA


Por André Betioli

Uma jovem francesa chamada Tal vive em Jerusalém, que está em um momento conturbado devido a guerra com os palestinos. Tentando entender os porquês da guerra, ela lança uma garrafa ao mar com uma carta dentro. A mesma acaba parando em um mar em Gaza, onde um jovem palestino chamado Naim encontra a garrafa e lê a carta. Na careta de Tal, ela havia deixado um e-mail para contato, mesmo que sem nenhuma esperança que alguém encontrasse a garrafa. Mas Naim fica interessado em conversar, e a partir daí, mesmo em condições adversas, os dois passam a trocar emails, e desse ponto em diante eles conseguem se comunicar e uma amizade entre eles acaba nascendo.


Em meio ao caos e horrores da guerra, e estando de lados opostos, os dois começam a criar uma verdadeira amizade, pois nenhum dos dois consegue entender do porque de tanta guerra e sangue derramado. O cenário criado pelo filme é perfeito para se sentir o peso da guerra e o quão horrível ela pode ser. Um simples dia, um simples oi para alguém pode significar a morte. Toda a liberdade é tirada, e aquelas coisas simples do cotidiano passam a ser um sonho distante.

O desenvolvimentos dos dois protagonistas é excelente. Além dos problemas da guerra, ambos passam por momentos conturbados em suas vidas pessoais, e em relacionamento com suas famílias. Escolhas, futuro, tudo isso é posto em cheque. E de uma maneira simples e sensível, mas não menos impactante, vemos dois jovens tentando entender o mundo e buscar um lugar nele, se isso ainda é possível. A relação dos dois é muito bela e muito bem construída.


O filme Uma Garrafa No mar de Gaza (Une Bouteille à la Mer, 2012) é incrível, com um mensagem universal sobre guerra e o valor da amizade, mesmo com tantas adversidades que o mundo pode nos causar, e ainda assim termos um pouco de esperança.

“Nada é simples entre nós, o que não significa que seja impossível” .





Ótimo filme! Sem dúvidas vale à pena! Encantador e ao mesmo tempo forte, impactante!

    


terça-feira, 22 de setembro de 2015

QUAISQUALIGUNDUM


Por Diego Betioli

O universo dos quadrinhos, bem como o dos livros, tem o dom de nos proporcionar ricos detalhes sobre qualquer tipo de história, de qualquer tema. Qualquer um mesmo, e não há barreiras culturais quando estamos falando de arte. E porque não combinar música e quadrinhos? Estamos falando de arte!
Quaisqualigundum é mais um exemplo de como as HQs são tão ricas pluralmente quanto o universo literário. O tema? A obra do mestre Adoniran Barbosa, ícone do samba e patrimônio cultural paulistano, cujas canções foram imortalizadas em sua voz rouca e especialmente ao som dos lendários Demônios da Garoa. Quem nunca ouviu e cantarolou Trem das Onze?
Adoniran compunha sobre o cotidiano, histórias de pessoas que conhecia ou situações que presenciava, e que logo lhe davam ideias de como teriam acontecido. E isso rendeu muito samba - e porque não material literário? As histórias do cotidiano sempre fascinam, talvez pela proximidade que temos com elas. Estamos inseridos nelas!
Ou seja. a HQ dá vida aos personagens narrados em alguns dos sambas mais famosos do compositor, como Saudosa Maloca e Samba do Arnesto, explorando com o mesmo bom-humor e linguagem as situações hilárias - e por vezes dramáticas  e tocantes - daqueles sujeitos que representaram a rotina de uma São Paulo antiga, mas que ainda encontra espelhos bem atuais.



E a grande sacada de transformar os sambas de Adoniran em HQ - não apenas transformar, mas viajar neles - foi do renomado quadrinista Roger Cruz, que, entre outras atuações, foi um dos principais desenhistas dos X-Men nos anos 90. Roger, no entanto, é quem assina o roteiro - a arte fica por conta de Davi Calil, cujo traço é a síntese perfeita do estilo caricato das composições de Adoniran e o retrato de uma São Paulo bairrista e cheia de pequenas grandes histórias pra contar.
É impossível não sorrir, rir e se emocionar com cada capítulo - além de uma grande sacada do autor no final (quase um easter egg). E claro, impossível também não querer saber mais sobre Adoniran e sua obra, já que provavelmente Trem das Onze ficará em sua mente instantaneamente após a leitura.
Vale muito a pena conferir. E se possível - uma experiência que eu deveria ter feito - leia a HQ ao som do próprio. Deve ser ímpar!





Excelente! ♫ Se eu perder esse trem...♪




domingo, 20 de setembro de 2015

COM MÉRITO


Por André Betioli

Certa noite ao pesquisar algum filme para assistir, eis que encontrei esse filme, li a sinopse e em seguida vi o poster com atenção, e reparei no elenco, muito bem composto com nomes como Patrick Dempsey, Brendan Fraser e Joe Pesci e afins. E Com Mérito (With Honors, 1994) não decepciona, na verdade foi uma grata surpresa!

Na trama temos Monty (Fraser), um estudante de Havard  que mora com alguns amigos no campus e que está prestes a finalizar sua tese. Mas um imprevisto ocorre, e o arquivo da sua tese acaba caindo nas mãos de Simon (Pesci), um morador de rua. Para recuperar o material, eles fazem um acordo: para Simon lhe devolver a tese, Monty teria que cumprir alguns favores a ele, como por exemplo arrumar comida, uma casa e outras coisas. Depois de um início tumultuado e cheio de farpas, o que era uma briga acaba por se tornar o  começo de uma grande amizade entre os dois, e consequentemente com os amigos de Monty.

O filme de cara parece que vai ser bem pastelão, leve e bem descontraído, e em alguns momentos ele até é. Mas conforme o longa vai se desenrolando, a obra vai para um outro lado, fazendo-nos refletir muito acerca da vida, trabalho, família, amizade e amor. E tudo isso apresentado de uma maneira sútil, que vamos acompanhando naturalmente quando ocorre o aprofundamento dos personagens.
 É um filme despretensioso no início, mas que acaba fisgando o telespectador. O elenco e trilha sonora ajudam a completar a qualidade da obra.





 Excelente filme! Um grande achado!